De sobre a Declaração Fiducia Supplicans sobre o sentido pastoral das bênçãos
Já publiquei aqui alguns textos sobre modernismo, heresia que neste momento da crise na Igreja (que não é uma crise DA Igreja) é provavelmente a fonte de perto de cem por cento da confusão. Para resumir, posso dizer que modernismo é o nome que se dá ao uso ilegítimo do pensamento ideológico típico da era moderna (os últimos 500 anos, com ênfase nos últimos duzentos) para tentar entender o que diz e faz a Igreja. As categorias de pensamento modernistas simplesmente não funcionam em relação à Igreja, e tentar mapear a teologia e mesmo a prática pastoral por elas só pode levar a confusão.
Em termos práticos, desde o Concílio Vaticano II o modernismo dentro da Igreja tem seguido fielmente a política ideológica for a da Igreja. Temos assim duas grandes variantes do modernismo, o modernismo de direita e o modernismo de esquerda, tendo contudo ambas muito mais em comum que de diferente. Ambas as formas de modernismo acreditam nos seguintes delírios:
- A Igreja, contrariamente ao Credo que diz ser ela Una, Santa, Católica e Apostólica, seria na verdade duas, uma anterior ao Concílio e outra posterior.
A diferença entre as vertentes do modernismo está apenas no valor que cada vertente dá a cada uma das duas supostas “Igrejas”: o modernismo de esquerda odeia a (fantasiosa) “Igreja Pré-Conciliar”, que o modernismo de direita ama, e o modernismo de esquerda ama a igualmente fantasiosa “Igreja Pós-Conciliar”, que o modernismo de direita abomina. Como na verdade só há uma Igreja, ambos estão errados em tudo. Não dá para amar ou odiar algo que não existe, e só existe uma única Igreja, desde Pentecostes até a Parusia.
- A hierarquia da Igreja seria como um governo da era moderna, que age representando os cidadãos. Assim, o Papa não seria Vigário (representante) de Cristo, sim dos fiéis; o mesmo se aplicaria aos Bispos. O corolário deste erro é que se não se aprova o que a hierarquia ou parte dela faz e diz, basta dizer “ela não me representa” e desobedecer sistemática e abertamente.
Ora, isso é o oposto do que a Igreja sempre ensinou e praticou. Desde os primeiros séculos a perfeita comunhão com o Bispo local (“onde está o Bispo está a Igreja”) e com a Santa Sé é condição indispensável para a vida religiosa. Ser católico significa estar em comunhão perfeita com a Igreja, cuja hierarquia governa, santifica e ensina. Quem se recusa a dar ouvidos à Igreja coloca-se automaticamente fora dela. É até curioso perceber que em todas as heresias anteriores ao longo destes dois mil anos os heresiarcas, ao retirar-se da comunhão com a Igreja, buscaram instituir hierarquias paralelas, considerando-se a verdadeira Igreja. Estabeleciam bispados (dioceses) cismáticas, no mais das vezes com extensão gigantesca, porque a hierarquia da Igreja pressupõe uma divisão territorial. Já na crise modernista, pela primeira vez foram ordenados “Bispos de nenhures”: Bispos sem diocese, Bispos sem território e sem jurisdição, como se Bispos fossem apenas ministros de sacramentos, não governantes e mestres.
- O Magistério eclesial seria um amontoado atomizado de sentenças, nenhuma delas de aceitação obrigatória e todas elas precisando do aval da vertente modernista em questão para ter algum valor.
Ambas as vertentes, destarte, simplesmente ignoram (quando não condenam, do alto de sua posição de insubmissos) toda aplicação pelo Magistério das imutáveis Fé e Moral católicas às circunstâncias atuais. Os modernistas de direita, numa releitura tardia do que o protestantismo faz com a Sagrada Escritura, agarra-se a uma seleção de sentenças atomizadas de séculos passados, preferindo fazer eles mesmos tal discernimento (que compete à Hierarquia, não a eles, numa visão ortodoxa) a partir de sentenças e definições feitas para outras circunstâncias. Já os modernistas de esquerda, sem apelar para a heresia islamizante dos escritos-mágicos-que-se-aplicam-sozinhos dos de direita, preferem criar fatos consumados, ignorando tanto a autoridade magisterial quanto a autoridade pastoral da Igreja. Para ambos os lados, quando algum modernista da própria vertente é punido por sua desobediência e heresia sistemáticas, ele vira “mártir”, “perseguido” por uma “falsa Igreja”, etc.
- Quem não concorda com a posição modernista de direita forçosamente concorda com a posição modernista de esquerda, e vice-versa.
Na prática, isso torna tremendamente difícil ajudar um modernista de qualquer um dos lados a sair do erro, na medida em que ele é incapaz por definição de perceber que o problema não é a vertente, mas o modernismo, e vai sempre interpretar qualquer crítica à sua vertente como aceitação incondicional de todo o bestialógico pregado pela vertente oposta. Isto, aliás, como já escrevi alhures, é o que está na origem de quase todas as besteiras publicadas pela mídia acerca da Santa Sé e aceitas como se verdades fossem pelos modernistas (em geral para horror dos de direita e júbilo dos de esquerda). A imprensa americana opera nessa mesma chave binária, procurando a priori em toda e qualquer declaração ou ato uma pressuposta concordância total com toda a posição de um dos dois partidos americanos. Como ambos os partidos têm posições contrárias à moral cristã em pontos fundamentais (um amigo diz que é preciso escolher quais dentre os quatro crimes que bradam aos Céus por vingança queremos festejar para escolher partido nos EUA: quem gosta de oprimir o pobre e negar ao trabalhador sua justa paga se torna “republicano” e quem curte sodomia e assassinato de inocentes se torna “democrata”), isso torna impossível a compreensão do que é enunciado claramente pela Santa Sé. A mídia vai sempre apresentar cada declaração como sendo concordância com coisas com que a Igreja não pode concordar, e quem acredita na mídia vai assim ser induzido a erro.
A situação que levou a Santa Sé a publicar a declaração Fiducia Supplicans sobre o sentido pastoral das bênçãos é, em última instância, simplesmente mais um caso em que a Igreja precisa combater ao mesmo tempo o modernismo de esquerda e o modernismo de direita para poder pregar o que é correto. Não que o pessoal que não teve sequer a pachorra de ir lá ler o documento vá saber, claro, mas é importante fazê-lo, nem que seja para proveito de uma minoria sensata.
No canto esquerdo da confusão está o clero alemão, que vem tentando desesperadamente acomodar a Igreja na Alemanha às maluquices do momento, principalmente as sexuais. A Santa Sé já mandou que parassem de várias e várias maneiras, tentando fazê-los voltar à ortodoxia para evitar o risco de (outro) cisma norte-europeu, mas eles insistem, montados em dinheiro (o governo alemão desconta em folha 10% do salário de cada católico e manda o dinheiro para a Conferência Episcopal local, a que falta bom-senso na mesma medida em que sobra dinheiro). Como neste momento da decadência de nossa sociedade a grande moda é aplaudir o hedonismo, especialmente o hedonismo sexual (a julgar pela mídia, ter menos de três orgasmos por semana é mais perigoso que câncer), o clero alemão está tentando arranjar um jeito de dar reconhecimento “religioso” (ou “litúrgico”, para ser mais preciso) às situações objetivamente desordenadas dos casais em segundas núpcias (divorciados juntados com outra pessoa em situação de pecado público e duplas do mesmo sexo). Em outras palavras, eles querem “casar” quem já é casado ou quem não pode se casar. Para isso, o truque seria fazer uma cerimônia que simularia os aspectos sensíveis duma celebração de matrimônio, mas que — piscando e cruzando os dedos atrás das costas — diria “isto não é um matrimônio, é apenas uma bênção”.
Já no canto direito da confusão estão os modernistas de direita americanos, que por razões culturais próprias àquele país culturalmente calvinista tendem a coindenar o pecador junto com o o pecado. Trata-se de uma cultura em que é relativamente comum que seja simplesmente proibido por lei dar de comer a quem tem fome e de beber a quem tem sede, vestir o desnudo, etc. Isso vem da satânica visão calvinista de dupla predestinação, em que o deus lá deles predestinaria as pessoas antes mesmo que nascessem ao céu ou ao inferno, e por isso mesmo odiaria um bebezinho prerdestinado ao inferno. Em tal cultura, evidentemente, a noção da misericórdia divina, bem como o chamado universal à santidade, tendem a ser esquecidos, enquanto a situação de pecado público de alguém que vive numa relação objetivamente desordenada tende a ser percebida como uma rejeição radical, fundamental e irreversível do Sumo Bem.
Já a ortodoxia católica, que é o que a declaração em questão apresenta, manda evitar tanto as situações escandalosas em que se parece dar aval a coisas objetivamente erradas quanto o seu oposto, que é a condenação do pecador junto com o pecado, fechando-lhe à cara as portas por não acreditar que ele seja capaz de corresponder à graça divina.
Tendo em mente o contexto, vejamos então o texto propriamente dito, disponível em várias línguas aqui. Tomo a versão em espanhol (que sabemos todos ser português errado, perfeitamente legível), e a marco de modo a salientar o que é:
- Condenação da posição modernista de esquerda (em negrito);
- Condenação da posição modernista de direita (em itálico);
- Catequese elementar da posição ortodoxa (todo o resto);
- Comentários meus ([entre colchetes, em português]).
Declaración Fiducia supplicans sobre el sentido pastoral de las bendiciones
[Ou seja, não é “sobre relações objetivamente desordenadas”, como segundas núpcias ou duplas do mesmo sexo, sim sobre as bênção, por conta dos alemães querendo perverter o uso de bênçãos para festejar o que é errado e dos americanos querendo negar bênçãos como se elas fossem sempre uma forma de festejar o que é errado]
Presentación
La presente Declaración ha tomado en consideración varias cuestiones que han llegado a este Dicasterio tanto en años pasados como más recientemente. Para su redacción, como es práctica habitual, se consultó a expertos, se llevó a cabo un amplio proceso de elaboración y el borrador se debatió en el Congreso de la Sección Doctrinal del Dicasterio. Durante este tiempo de elaboración del documento, no faltaron las conversaciones con el Santo Padre. Finalmente, la Declaración fue presentada al Santo Padre, que la aprobó con su firma.
[Ou seja, deu a sua autoridade, mostrando que isso não é algo feito às ocultas por um grupinho e posto na página da Santa Sé, sim uma declaração da Igreja sobre uma determinada prática pastoral]
Durante el estudio de la materia objeto de este documento, se dio a conocer la respuesta del Santo Padre a los Dubia de algunos Cardenales, que aportó importantes precisiones para la reflexión que ahora se ofrece aquí, y que representa un elemento decisivo para el trabajo del Dicasterio.
[Essas “dubia” (“dúvidas”), bons exemplos da falácia lógica dita “questão complexa” — pergunta que não pode ser respondida sem abrigar um erro, como “você já parou de bater na sua mãe, ou ainda continua?” — foram fruto de modernistas de direita querendo atacar o Santo Padre]
Dado que «la Curia Romana es, en primer lugar, un instrumento de servicio para el sucesor de Pedro» (Const. Ap. Praedicate Evangelium, II, 1), nuestro trabajo debe favorecer, junto a la comprensión de la doctrina perenne de la Iglesia, la recepción de la enseñanza del Santo Padre.
Como en la ya citada respuesta del Santo Padre a los Dubia de dos Cardenales, la presente Declaración se mantiene firme en la doctrina tradicional de la Iglesia sobre el matrimonio, no permitiendo ningún tipo de rito litúrgico o bendición similar a un rito litúrgico que pueda causar confusión. No obstante, el valor de este documento es ofrecer una contribución específica e innovadora al significado pastoral de las bendiciones, que permite ampliar y enriquecer la comprensión clásica de las bendiciones estrechamente vinculada a una perspectiva litúrgica. Tal reflexión teológica, basada en la visión pastoral del Papa Francisco, implica un verdadero desarrollo de lo que se ha dicho sobre las bendiciones en el Magisterio y en los textos oficiales de la Iglesia. Esto explica que el texto haya adoptado la forma de una “Declaración”.
[“desarollo” = “desenvolvimento”. Ou seja, não há mudança alguma, mas sim aplicação do que sempre foi crido por todos em toda parte a uma determinada situação. Recomendo o livro de S. João Henrique, Cardeal Newman, sobre o desenvolvimento do dogma para quem queira entender melhor como isso funciona]
Y es precisamente en este contexto en el que se puede entender la posibilidad de bendecir a las parejas en situaciones irregulares y a las parejas del mismo sexo, sin convalidar oficialmente su status ni alterar en modo alguno la enseñanza perenne de la Iglesia sobre el Matrimonio.
La presente Declaración quiere ser también un homenaje al Pueblo fiel de Dios, que adora al Señor con tantos gestos de profunda confianza en su misericordia y que, con esta actitud, viene constantemente a pedir a la madre Iglesia una bendición.
Víctor Manuel Card. FERNÁNDEZ
Prefecto
Introducción
1. La confianza suplicante del Pueblo fiel de Dios recibe el don de la bendición que brota del corazón de Cristo a través de su Iglesia. Como recuerda puntualmente el Papa Francisco, «la gran bendición de Dios es Jesucristo, es el gran don de Dios, su Hijo. Es una bendición para toda la humanidad, es una bendición que nos ha salvado a todos. Él es la Palabra eterna con la que el Padre nos ha bendecido “siendo nosotros todavía pecadores” (Rm 5,8) dice san Pablo: Palabra hecha carne y ofrecida por nosotros en la cruz».
2. Sostenido por una verdad tan grande y consoladora, este Dicasterio ha tomado en consideración algunas preguntas, tanto formales como informales, sobre la posibilidad de bendecir parejas del mismo sexo y sobre la posibilidad de ofrecer nuevas precisiones, a la luz de la actitud paterna y pastoral del Papa Francisco, sobre el Responsum ad dubium formulado por la entonces Congregación para la Doctrina de la Fe y publicado el 22 de febrero de 2021.
3. Dicho Responsum ha suscitado no pocas y diferentes reacciones: algunos han acogido con beneplácito la claridad de este documento y su coherencia con la constante enseñanza de la Iglesia; otros no han compartido la respuesta negativa a la pregunta o no la han considerado suficientemente clara en su formulación o en las motivaciones expuestas en la Nota explicativa adjunta. Para salir al encuentro, con caridad fraterna, a estos últimos, parece oportuno retomar el tema y ofrecer una visión que componga con coherencia los aspectos doctrinales con aquellos pastorales, porque «todo adoctrinamiento ha de situarse en la actitud evangelizadora que despierte la adhesión del corazón con la cercanía, el amor y el testimonio».
I. La bendición en el sacramento del matrimonio
4. La reciente respuesta del Santo Padre Francisco a la segunda de las cinco preguntas propuestas por dos Cardenales[4] ofrece la posibilidad de profundizar más en el tema, sobre todo en sus consecuencias de orden pastoral. Se trata de evitar que «se reconoce como matrimonio algo que no lo es». Por lo tanto son inadmisibles ritos y oraciones que puedan crear confusión entre lo que es constitutivo del matrimonio, como «unión exclusiva, estable e indisoluble entre un varón y una mujer, naturalmente abierta a engendrar hijos»,[6] y lo que lo contradice. Esta convicción está fundada sobre la perenne doctrina católica del matrimonio. Solo en este contexto las relaciones sexuales encuentran su sentido natural, adecuado y plenamente humano. La doctrina de la Iglesia sobre este punto se mantiene firme.
5. Esta es también la comprensión del matrimonio ofrecida por el Evangelio. Por este motivo, a propósito de las bendiciones, la Iglesia tiene el derecho y el deber de evitar cualquier tipo de rito que pueda contradecir esta convicción o llevar a cualquier confusión. Tal es también el sentido del Responsum de la entonces Congregación para la Doctrina de la Fe donde se afirma que la Iglesia no tiene el poder de impartir la bendición a uniones entre personas del mismo sexo.
6. Hay que subrayar que, precisamente en el caso del rito del sacramento del matrimonio, no se trata de una bendición cualquiera, sino del gesto reservado al ministro ordenado. En este caso, la bendición del ministro ordenado está directamente conectada a la unión específica de un hombre y de una mujer que, con su consentimiento establecen una alianza exclusiva e indisoluble.
[Ou seja: casamento é uma coisa (os ministros do matrimônio são os noivos), e bênção, como os alemães estão querendo fazer, é outra coisa totalmente diferente. No matrimônio, o padre é testemunha qualificada, não ministro do sacramento, mas por ser sacerdote pode e deve abençoar a união que testemunhou]
Esto nos permite evidenciar mejor el riesgo de confundir una bendición, dada a cualquier otra unión, con el rito propio del sacramento del matrimonio.
II. El sentido de las distintas bendiciones
7. Por otra parte, la respuesta del Santo Padre, anteriormente mencionada, nos invita a hacer el esfuerzo de ampliar y enriquecer el sentido de las bendiciones.
8. Las bendiciones pueden considerarse entre los sacramentales más difundidos y en continua evolución. Ellas, de hecho, nos llevan a captar la presencia de Dios en todos los acontecimientos de la vida y recuerdan que, incluso cuando utiliza las cosas creadas, el ser humano está invitado a buscar a Dios, a amarle y a servirle fielmente. Por este motivo, las bendiciones tienen por destinatarios las personas, los objetos de culto y de devoción, las imágenes sagradas, los lugares de vida, de trabajo y de sufrimiento, los frutos de la tierra y del trabajo humano, y todas las realidades creadas que remiten al Creador y que, con su belleza, lo alaban y bendicen.
[Ou seja: aquilo tudo que nesta vida pode e deve nos orientar para Deus pode e deve ser abençoado]
El sentido litúrgico de los ritos de bendición
9. Desde un punto de vista estrictamente litúrgico, la bendición requiere que aquello que se bendice sea conforme a la voluntad de Dios manifestada en las enseñanzas de la Iglesia.
[Mas aquilo que não é conforme aos Mandamentos, aquilo que não se coaduna com o a Fé e a Moral cristãs não pode ser abençoado]
10. Las bendiciones se celebran, de hecho, en virtud de la fe y se ordenan a la alabanza de Dios y al provecho espiritual de su pueblo. Como explica el Ritual Romano, «para que esto se vea más claro, las fórmulas de bendición, según la antigua tradición, tienden como objetivo principal a glorificar a Dios por sus dones, impetrar sus beneficios y alejar del mundo el poder del maligno». Por ello, se invita a quienes invocan la bendición de Dios a través de la Iglesia a intensificar «sus disposiciones internas en aquella fe para la cual nada hay imposible» y a confiar en «aquella caridad que apremia a guardar los mandamientos de Dios».
[Ou seja, pedir a bênção pressupõe querer aproximar-se de Deus, guardando os seus Mandamentos, mesmo quando isso nos parece impossível]
Por eso, mientras que por un lado «siempre y en todo lugar se nos ofrece la ocasión de alabar a Dios por Cristo en el Espíritu Santo, de invocarlo y darle gracias», por otra parte la preocupación es «que se trate de cosas, lugares o circunstancias que no contradigan la norma o el espíritu del Evangelio». Esta es una comprensión litúrgica de las bendiciones, en cuanto se convierten en ritos propuestos oficialmente por la Iglesia.
11. Basándose en estas consideraciones, la Nota explicativa del citado Responsum de la entonces Congregación para la Doctrina de la Fe recuerda que cuando, con un rito litúrgico adecuado, se invoca una bendición sobre algunas relaciones humanas, lo que se bendice debe poder corresponder a los designios de Dios inscritos en la Creación y plenamente revelados por Cristo el Señor. Por ello, dado que la Iglesia siempre ha considerado moralmente lícitas sólo las relaciones sexuales que se viven dentro del matrimonio, no tiene potestad para conferir su bendición litúrgica cuando ésta, de alguna manera, puede ofrecer una forma de legitimidad moral a una unión que presume de ser un matrimonio o a una práctica sexual extramatrimonial. La sustancia de este pronunciamiento fue reiterada por el Santo Padre en su Respuestas a los Dubia de dos Cardenales.
12. Se debe también evitar el riesgo de reducir el sentido de las bendiciones solo a este punto de vista,
[Ou seja, reduzir o nosso foco àquilo que há de desordenado, como se não fosse justamente pelo fato de que, devido às consequências do Pecado Original, sempre há algo em que precisamos melhorar uma das principais razões para buscarmos uma bênção: a bênção nos ajudará a parar de fazer o que fazemos de errado e fazer mais e melhor o que fazemos de correto]
porque nos llevaría a pretender, para una simple bendición, las mismas condiciones morales que se piden para la recepción de los sacramentos.
[Se cometemos pecado mortal desde a nossa última confissão, não podemos comungar. Mas podemos pedir e receber uma bênção. A Igreja tem muito mais latitude para dar uma bênção que para ministrar um Sacramento, que por sua importância e santidade exige mais de nós — ainda que devamos sempre lembrar que os Sacramentos são remédios para doentes, não prêmio dos eleitos como queriam os jansenistas, ponta de lança do calvinismo infiltrada na Igreja]
Este riesgo exige que se amplíe más esta perspectiva. De hecho, existe el peligro que un gesto pastoral, tan querido y difundido, se someta a demasiados requisitos morales previos que, bajo la pretensión de control, podrían eclipsar la fuerza incondicional del amor de Dios en la que se basa el gesto de la bendición.
13. Precisamente a este respecto, el Papa Francisco nos instó a no «perder la caridad pastoral, que debe atravesar todas nuestras decisiones y actitudes» y a evitar ser «jueces que sólo niegan, rechazan, excluyen». A continuación respondemos a su propuesta desarrollando una comprensión más amplia de las bendiciones.
Las bendiciones en la Sagrada Escritura
[Segue trecho relativamente longo com uma catequese sobre a bênção, que não é nem um prêmio dos puros, como querem os modernistas de direita, nem — como querem os de esquerda — uma coisa irrelevante a disfarçar de casamento para que se possa fazer simulações de sacramentos e assim confirmar no erro quem vive em pecado]
14. Para reflexionar sobre las bendiciones, recogiendo distintos puntos de vista, necesitamos dejarnos iluminar ante todo por la voz de la Sagrada Escritura.
15. «El Señor te bendiga y te proteja, ilumine su rostro sobre ti y te conceda su favor. El Señor te muestre su rostro y te conceda la paz» (Nm 6, 24–26). Esta “bendición sacerdotal” que encontramos en el Antiguo Testamento, precisamente en el libro de los Números, tiene un carácter “descendente” porque representa la invocación de la bendición que desde Dios desciende sobre el hombre: esta constituye uno de los textos más antiguos de bendición divina. Existe además un segundo tipo de bendición que encontramos en las páginas bíblicas, aquella que “sube” desde la tierra al cielo, hacia Dios. Bendecir equivale a alabar, celebrar, agradecer a Dios por su misericordia y fidelidad, por las maravillas que ha creado y por todo aquello que sucedió por su voluntad: «Bendice, alma mía, al Señor, y todo mi ser a su santo nombre» (Sal 103, 1).
16. A Dios que bendice, también nosotros respondemos bendiciendo. Melquisedec, rey de Salem, bendice a Abrán (cfr. Gen 14, 19); Rebecca es bendecida por sus familiares, poco antes de convertirse en la esposa de Isaac (cfr. Gen 24, 60), el cuál, a su vez, bendice su hijo Jacob (cfr. Gen 27, 27). Jacob bendice al faraón (cfr. Gen 47, 10), a sus nietos Efraín y Manasés (cfr. Gen 48, 20) y a todos sus doce hijos (cfr. Gen 49, 28). Moisés y Aarón bendicen a la comunidad (cfr. Ex 39, 43; Lev 9, 22). Los cabeza de familia bendicen los hijos con ocasión de los matrimonios, antes de emprender un viaje, en la cercanía de la muerte. Estas bendiciones aparecen como un don sobreabundante e incondicionado.
17. La bendición presente en el Nuevo Testamento conserva, sustancialmente, el mismo significado veterotestamentario. Encontramos el don divino que “desciende”, el agradecimiento del hombre que “asciende” y la bendición impartida del hombre que “se extiende” hacia sus iguales. Zacarías, tras haber recuperado el uso de la palabra, bendice al Señor por sus admirables obras (cfr. Lc 1, 64). El anciano Simeón, mientras tiene entre los brazos a Jesús recién nacido, bendice a Dios por haberle concedido la gracia de contemplar al Mesías salvador y luego bendice a sus padres María y José (cfr. Lc 2, 34). Jesús bendice al Padre, en el celebre himno de alabanza y de júbilo a Él dirigido: «Te doy gracias, Padre, Señor del cielo y de la tierra» (Mt 11, 25).
18. En continuidad con el Antiguo Testamento, la bendición en Jesús no es solo ascendente, en referencia al Padre, sino también descendente, vertida sobre los otros como gesto de gracia, protección y bondad. El propio Jesús llevó a cabo y promovió esta práctica. Por ejemplo, bendice a los niños: «Y tomándolos en brazos los bendecía imponiéndoles las manos» (Mc 10, 16). Y la historia terrenal de Jesús terminará precisamente con una bendición final reservada a los Once, poco antes de subir al Padre: «y, levantando sus manos, los bendijo. Y mientras los bendecía, se separó de ellos, y fue llevado hacia el cielo». La última imagen de Jesús en la tierra son sus manos alzadas, en el acto de bendecir.
19. En su misterio de amor, a través de Cristo, Dios comunica a su Iglesia el poder de bendecir. Concedida por Dios al ser humano y otorgada por estos al prójimo, la bendición se transforma en inclusión, solidaridad y pacificación. Es un mensaje positivo de consuelo, atención y aliento. La bendición expresa el abrazo misericordioso de Dios y la maternidad de la Iglesia que invita al fiel a tener los mismos sentimientos de Dios hacia sus propios hermanos y hermanas.
Una comprensión teológico-pastoral de las bendiciones
20. Quien pide una bendición se muestra necesitado de la presencia salvífica de Dios en su historia, y quien pide una bendición a la Iglesia reconoce a esta última como sacramento de la salvación que Dios ofrece. Buscar la bendición en la Iglesia es admitir que la vida eclesial brota de las entrañas de la misericordia de Dios y nos ayuda a seguir adelante, a vivir mejor, a responder a la voluntad del Señor.
21. Para ayudarnos a comprender el valor de un enfoque mayormente pastoral de las bendiciones, el Papa Francisco nos instó a contemplar, con actitud de fe y paternal misericordia, el hecho que «cuando se pide una bendición se está expresando un pedido de auxilio a Dios, un ruego para poder vivir mejor, una confianza en un Padre que puede ayudarnos a vivir mejor». Esta petición debe ser, en todos los sentidos, valorada, acompañada y recibida con gratitud. Las personas que vienen espontáneamente a pedir una bendición muestran con esta petición su sincera apertura a la trascendencia, la confianza de su corazón que no se fía solo de sus propias fuerzas, su necesidad de Dios y el deseo de salir de las estrechas medidas de este mundo encerrado en sus límites.
22. Como nos enseña santa Teresa del Niño Jesús, más allá de esta confianza «no hay otro camino por donde podamos ser conducidos al Amor que todo lo da. Con la confianza, el manantial de la gracia desborda en nuestras vidas […]. La actitud más adecuada es depositar la confianza del corazón fuera de nosotros mismos: en la infinita misericordia de un Dios que ama sin límites […]. El pecado del mundo es inmenso, pero no es infinito. En cambio, el amor misericordioso del Redentor, este sí es infinito».
23. Cuando estas expresiones de fe vienen consideradas fuera de un marco litúrgico, uno se encuentra en un ámbito de mayor espontaneidad y libertad, pero «la libertad frente a los ejercicios de piedad, no debe significar, por lo tanto, escasa consideración ni desprecio de los mismos. La vía a seguir es la de valorar correcta y sabiamente las no escasas riquezas de la piedad popular, las potencialidades que encierra». Las bendiciones se convierten así en un recurso pastoral a valorar en lugar de un riesgo o un problema.
24. Consideradas desde el punto de vista de la pastoral popular, las bendiciones son valoradas como actos de devoción que «encuentran su lugar propio fuera de la celebración de la Eucaristía y de los otros sacramentos […]. El lenguaje, el ritmo, el desarrollo y los acentos teológicos de la piedad popular se diferencian de los correspondientes de las acciones litúrgicas». Por ésa misma razón «hay que evitar añadir modos propios de la “celebración litúrgica” a los ejercicios de piedad, que deben conservar su estilo, su simplicidad y su lenguaje característico».
[Bordoada no nariz dos modernistas de esquerda, que querem “liturgizar” as bênçãos — cujo valor real não reconhecem — para simular sacramentos e assim confirmar no erro]
25. La Iglesia, también, debe evitar el apoyar su praxis pastoral en la rigidez de algunos esquemas doctrinales o disciplinares, sobre todo cuando dan «lugar a un elitismo narcisista y autoritario, donde en lugar de evangelizar lo que se hace es analizar y clasificar a los demás, y en lugar de facilitar el acceso a la gracia se gastan las energías en controlar».[16] Por lo tanto, cuando las personas invocan una bendición no se debería someter a un análisis moral exhaustivo como condición previa para poderla conferir. No se les debe pedir una perfección moral previa.
[Seguida de bordoada no dos direitistas, que tendem a restringir todo e qualquer gesto de boa vontade aos que veem como “puros”, “eleitos”, etc., negando até dar “bom dia” aos que não estão completamente de acordo com todas as maluquices de sua vertente. Nisso, claro, jogam fora o neném com a água do banho, pois acabam odiando o pecador ainda mais que o pecado, quando devemos odiar o pecado e amar o pecador]
26. En esta perspectiva, la Respuestas del Santo Padre ayudan a profundizar mejor, desde el punto de vista pastoral, el pronunciamiento formulado por la entonces Congregación para la Doctrina de la Fe en el 2021, porqué invitan de hecho a un discernimiento en relación con la posibilidad de «formas de bendición, solicitadas por una o por varias personas, que no transmitan una concepción equivocada del matrimonio» y que también tengan en cuenta el hecho que en situaciones moralmente inaceptables desde un punto de vista objetivo, «la misma caridad pastoral nos exige no tratar sin más de “pecadores” a otras personas cuya culpabilidad o responsabilidad pueden estar atenuadas por diversos factores que influyen en la imputabilidad subjetiva».
[Isso é muito importante. Quando saiu a belíssima Exortação Apostólica Amoris Laetitia, os modernistas de direita, não achando nada de que reclamar, fizeram um baita escarcéu e saíram rasgando as vestes por conta da nota de pé de página número 351 (sério — foi isso a origem das famosas “dubia”, gesto político jogando pra plateia de modernistas de direita e tentando enfiar o Santo Padre numa armadilha, bem como os fariseus faziam com Nosso Senhor), que lembrava haver a possibilidade de que algumas pessoas estejam em uma situação objetivamente desordenada sem ter contudo nenhuma culpa pessoal nisso, e que nesses casos um discernimento pastoral apropriado poderia levar a permitir-lhe acesso aos Sacramentos. Sempre me pareceu evidente que, por exemplo, uma pessoa pobre dum lugar isolado que é forçada a “casar-se” (sendo assim a tentativa de matrimônio totalmente nula por a pessoa ter sido forçada) e simplesmente não tem como nem sonhar com uma declaração formal de nulidade não tem culpa pessoal alguma quando se separa e por vezes até tenta casar-se, desta vez de verdade. O Santo Padre diminui tremendamente o ônus dum processo de declaração de nulidade, que antes exigia constituição de advogado canônico em Roma, estando assim ao alcance apenas dos mais endinheirados, mas para muita gente até mesmo um processo diocesano é na prática inalcançável. É por essas e outras que eu acho que seria maravilhoso se a Igreja voltasse à prática pastoral pré-tridentina e saísse desse “business” de casamento, aliás.]
27. En la catequesis citada al inicio de esta Declaración, el Papa Francisco propuso una descripción de este tipo de bendiciones que se ofrecen a todos, sin pedir nada. Vale la pena leer con corazón abierto estas palabras que nos ayudan a acoger el sentido pastoral de las bendiciones ofrecidas sin condiciones: «Es Dios que bendice. En las primeras páginas de la Biblia es un continuo repetirse de bendiciones. Dios bendice, pero también los hombres bendicen, y pronto se descubre que la bendición posee una fuerza especial, que acompaña para toda la vida a quien la recibe, y dispone el corazón del hombre a dejarse cambiar por Dios […]. Así nosotros para Dios somos más importantes que todos los pecados que nosotros podamos hacer, porque Él es padre, es madre, es amor puro, Él nos ha bendecido para siempre. Y no dejará nunca de bendecirnos. Una experiencia intensa es la de leer estos textos bíblicos de bendición en una prisión, o en un centro de desintoxicación. Hacer sentir a esas personas que permanecen bendecidas no obstante sus graves errores, que el Padre celeste sigue queriendo su bien y esperando que se abran finalmente al bien. Si incluso sus parientes más cercanos les han abandonado, porque ya les juzgan como irrecuperables, para Dios son siempre hijos».
28. Existen diversas ocasiones en las cuales las personas se acercan espontáneamente a pedir una bendición, tanto en las peregrinaciones, en los santuarios y también en la calle cuando se encuentran con un sacerdote. Como ejemplo, podemos recurrir al libro litúrgico De Benedictionibus que prevé una serie de ritos de bendición para las personas: ancianos, enfermos, participantes en la catequesis o en un encuentro de oración, peregrinos, aquellos que inician un camino, grupos y asociaciones de voluntarios, etc. Tales bendiciones se dirigen a todos, ninguno puede ser excluido.
[Reiteração de que bênção é coisa que se dá a quem pede, inclusive e especialmente num ambiente não-litúrgico. Aliás, a única coisa chatinha, ainda que compreensível, neste texto é a necessária reiteração reiteradamente reiterada de seus dois pontos principais, ou seja, aos modernistas de esquerda que bênção é coisa séria que não pode ser usada para simular sacramentos e aos modernistas de direita que bênção é coisa que não se deve trancar e limitar aos “perfeitos”.]
En los preámbulos del Rito de bendición de los ancianos, por ejemplo, se afirma que el objetivo de esta bendición es «que los ancianos reciban de los hermanos un testimonio de respeto y de agradecimiento. Al mismo tiempo nosotros, junto con ellos, damos gracias a Dios por los beneficios que de él han recibido y por las buenas obras que han realizado con su ayuda». En este caso, el objeto de la bendición es la persona del anciano, por quien y con quien se da gracias a Dios por el bien por él realizado y por los beneficios recibidos. A ninguno se puede impedir esta acción de gracias y cada uno, incluso si vive en situaciones no ordenadas al designio del Creador, posee elementos positivos por los cuales alabar al Señor.
[Ou seja: abençoa-se a pessoa, não suas circunstâncias de vida. Estas podem ser objetivamente desordenadas; neste caso, a bênção serve para ajudar a pessoa a sair de tal situação.]
29. Desde la perspectiva de la dimensión ascendente, cuando se toma conciencia de los dones del Señor y de su amor incondicional, incluso en situaciones de pecado, sobre todo cuando se escucha una oración, el corazón creyente eleva su alabanza y bendición a Dios. Esta forma de bendición no se impide a nadie. Todos — individualmente o en unión con otros — pueden elevar a Dios su alabanza y su gratitud.
[É digno e justo dar graças…]
30. Pero el sentido popular de las bendiciones incluye también el valor de la bendición descendente. Si «no es conveniente que una Diócesis, una Conferencia Episcopal o cualquier otra estructura eclesial habiliten constantemente y de modo oficial procedimientos o ritos para todo tipo de asuntos»,
[“Ô alemoada, segura a onda aí”]
la prudencia y la sabiduría pastoral pueden sugerir que, evitando formas graves de escándalo o confusión entre los fieles, el ministro ordenado se una a la oración de aquellas personas que, aunque estén en una unión que en modo alguno puede parangonarse al matrimonio, desean encomendarse al Señor y a su misericordia, invocar su ayuda, dejarse guiar hacia una mayor comprensión de su designio de amor y de vida.
[Ou seja, pessoas em situações objetivamente desordenadas podem e devem pedir a ajuda de Deus e da Igreja para que tenham a docilidade à graça necessária para que entendam plenamente o que por vezes sabem racionalmente ser o caso, mas não entendem de verdade, acerca de o quanto é errada a situação em que estão. Num tal caso, é claro que o padre deve abençoar essa busca de compreensão maior dos desígnios divinos.]
III. Las bendiciones de parejas en situaciones irregulares y de parejas del mismo sexo
[O parágrafo seguinte poderia servir de resumo do documento:]
31. En el horizonte aquí delineado se coloca la posibilidad de bendiciones de parejas en situaciones irregulares y de parejas del mismo sexo, cuya forma no debe encontrar ninguna fijación ritual por parte de las autoridades eclesiásticas, para no producir confusión con la bendición propia del sacramento del matrimonio. En estos casos, se imparte una bendición que no sólo tiene un valor ascendente, sino que es también la invocación de una bendición descendente del mismo Dios sobre aquellos que, reconociéndose desamparados y necesitados de su ayuda, no pretenden la legitimidad de su propio status, sino que ruegan que todo lo que hay de verdadero, bueno y humanamente válido en sus vidas y relaciones, sea investido, santificado y elevado por la presencia del Espíritu Santo. Estas formas de bendición expresan una súplica a Dios para que conceda aquellas ayudas que provienen de los impulsos de su Espíritu — que la teología clásica llama “gracias actuales” — para que las relaciones humanas puedan madurar y crecer en la fidelidad al mensaje del Evangelio, liberarse de sus imperfecciones y fragilidades y expresarse en la dimensión siempre más grande del amor divino.
[Ou seja: pode dar a bênção a tais pessoas (não situações), mas tal bênção não pode ter forma litúrgica para não parecer que se está abençoando a situação objetivamente errado. Mais ainda, tal bênção pressupõe que tais pessoas:
- Reconheçam-se desamparadas e precisando de ajuda;
- Não pretendam que sua situação objetivamente desordenada tenha legitimidade;
- Peçam a Deus que Ele santifique e eleve tudo o que há de bom em suas vidas (ou seja, não aquela situação objetivamente errada);
- Peçam a Deus sua graça atual — a graça de agir corretamente, mandada por Deus —para que as relações humanas possam amadurecer e crescer na fidelidade à mensagem do Evangelho (que proíbe segundas núpcias de divorciados e uniões pseudo-conjugais de pessoas do mesmo sexo).]
32. La gracia de Dios, de hecho, actúa en la vida de aquellos que no se consideran justos, sino que se reconocen humildemente pecadores como todos. Es capaz de dirigirlo todo según los designios misteriosos e imprevisibles de Dios. Por eso, con incansable sabiduría y maternidad, la Iglesia acoge a todos los que se acercan a Dios con corazón humilde, acompañándolos con aquellos auxilios espirituales que permiten a todos comprender y realizar plenamente la voluntad de Dios en su existencia.
[Aos direitistas: a humildade é necessária; aos esquerdistas: a vontade que deve ser realizada é a de Deus, não a das pessoas, e a bênção é um instrumento para ajudá-las a compreender e alinhar-se à vontade divina.]
33. Es esta una bendición que, aunque no se incluya en un rito litúrgico, une la oración de intercesión a la invocación de ayuda de Dios de aquellos que se dirigen humildemente a Él. ¡Dios no aleja nunca al que se acerca a Él! Al fin y al cabo, la bendición ofrece a las personas un medio para acrecentar su confianza en Dios. La petición de una bendición expresa y alimenta la apertura a la trascendencia, la piedad y la cercanía a Dios en mil circunstancias concretas de la vida, y esto no es poca cosa en el mundo en el que vivimos. Es una semilla del Espíritu Santo que hay que cuidar, no obstaculizar.
[É interessante que na frase acima que está em negrito e itálico a bordoada é dupla: os esquerdistas são lembrados da importância da abertura ao transcendente, da piedade e da proximidade com Deus, enquanto os direitistas são lembrados de que o pedido humilde duma bênção é um pedido de ajuda em relação a milhares de possíveis circunstâncias de vida diferentes, não um prêmio dos eleitos.]
34. La misma liturgia de la Iglesia nos invita a esta actitud confiada, también en medio de nuestros pecados, falta de méritos, debilidades y confusiones como da testimonio esta bellísima oración colecta tomada del Misal Romano: «Dios todopoderoso y eterno, que con amor generoso desbordas los méritos y deseos de los que te suplican, derrama sobre nosotros tu misericordia, para que libres nuestra conciencia de toda inquietud y nos concedas aun aquello que no nos atrevemos a pedir» (XXVII Domingo del Tiempo Ordinario). Cuantas veces, de hecho, a través de una simple bendición del pastor, que en este gesto no pretende sancionar ni legitimar nada, las personas pueden experimentar la cercanía del Padre que desborda “los méritos y deseos”.
[É muito interessante notar que, realmente, o que a gente pede não é necessariamente o que é o melhor ou o que é da vontade de Deus, mas ao tentarmos nos aproximar mais de Deus Ele mesmo, que sabe muito melhor que nós o que é bom para nós, vai frequentemente nos dar até mesmo aquilo que não ousamos ou nem mesmo saberíamos que deveríamos pedir. Em outras palavras, uma bênção dada a uma pessoa em uma situação objetivamente errada vai ajudá-la a perceber que está numa situação objetivamente errada, vai ajudá-la a sair dela, vai ajudá-la a aproximar-se de Deus, porque ela está, no fim das contas, pedindo ao Sumo Bem o que é bom para ela, mesmo sem saber que o faz.]
35. Por lo tanto, la sensibilidad pastoral de los ministros ordenados debería educarse, también, para realizar espontáneamente bendiciones que no se encuentran en el Bendicional.
[Porque distribuir bênçãos a tudo o que há de bom nesta vida o sacerdote está distribuindo luz em meio à escuridão. Ele não deve nem se restringir àquilo para que há uma fórmula pronta nem, menos ainda, querer fazer das bênçãos coisas tanto mais raras quanto mais solenes e litúrgicas.]
36. En este sentido, es esencial acoger la preocupación del Papa, para que estas bendiciones no ritualizadas no dejen de ser un simple gesto que proporciona un medio eficaz para hacer crecer la confianza en Dios en las personas que la piden, evitando que se conviertan en un acto litúrgico o semi-litúrgico, semejante a un sacramento. Esto constituiría un grave empobrecimiento, porque sometería un gesto de gran valor en la piedad popular a un control excesivo, que privaría a los ministros de libertad y espontaneidad en el acompañamiento de la vida de las personas.
37. A este respecto, vienen a la mente las siguientes palabras, en parte ya citadas, del Santo Padre: «Las decisiones que, en determinadas circunstancias, pueden formar parte de la prudencia pastoral, no necesariamente deben convertirse en una norma.
[Isso é coisa praticamente incompreensível para os modernistas, porque eles vivem em função de ideologias e não da realidade. Para os de direita, tudo deveria ser milimetricamente previsto em leis e mais leis, e seria muito mais importante estar de acordo com a letra de tais leis que ajudar de fato na santificação dos fiéis. A não ser, claro, naquilo que é realmente importante, como a comunhão com o Papa e com o Bispo local… Já para os de esquerda, igualmente apegados antes à ideia que à realidade ou mesmo ao Evangelho, o que importa é “dar um jeito” formal para não desobedecer à letra da lei enquanto se destrói o que anima a mesma lei. Daí a ideia de inventar “rituais de bênçãos” de situações que não podem ser abençoadas, por exemplo, para poder fazer algo que para quem veja e ouça seja indistinguível duma celebração matrimonial quando não pode haver matrimônio]
Es decir, no es conveniente que una Diócesis, una Conferencia Episcopal o cualquier otra estructura eclesial habiliten constantemente y de modo oficial procedimientos o ritos para todo tipo de asuntos […] El Derecho Canónico no debe ni puede abarcarlo todo, y tampoco deben pretenderlo las Conferencias Episcopales con sus documentos y protocolos variados, porque la vida de la Iglesia corre por muchos cauces además de los normativos». Así el Papa Francisco ha recordado que «todo aquello que forma parte de un discernimiento práctico ante una situación particular no puede ser elevado a la categoría de una norma», porque esto «daría lugar a una casuística insoportable».
38. Por esta razón, no se debe ni promover ni prever un ritual para las bendiciones de parejas en una situación irregular, pero no se debe tampoco impedir o prohibir la cercanía de la Iglesia a cada situación en la que se pida la ayuda de Dios a través de una simple bendición. En la oración breve que puede preceder esta bendición espontanea, el ministro ordenado podría pedir para ellos la paz, la salud, un espíritu de paciencia, diálogo y ayuda mutuos, pero también la luz y la fuerza de Dios para poder cumplir plenamente su voluntad.
39. De todos modos, precisamente para evitar cualquier forma de confusión o de escándalo, cuando la oración de bendición la solicite una pareja en situación irregular, aunque se confiera al margen de los ritos previstos por los libros litúrgicos, esta bendición nunca se realizará al mismo tiempo que los ritos civiles de unión, ni tampoco en conexión con ellos. Ni siquiera con las vestimentas, gestos o palabras propias de un matrimonio. Esto mismo se aplica cuando la bendición es solicitada por una pareja del mismo sexo.
40. En cambio, tal bendición puede encontrar su lugar en otros contextos, como la visita a un santuario, el encuentro con un sacerdote, la oración recitada en un grupo o durante una peregrinación. De hecho, mediante estas bendiciones, que se imparten no a través de las formas rituales propias de la liturgia, sino como expresión del corazón materno de la Iglesia, análogas a las que emanan del fondo de las entrañas de la piedad popular, no se pretende legitimar nada, sino sólo abrir la propia vida a Dios, pedir su ayuda para vivir mejor e invocar también al Espíritu Santo para que se vivan con mayor fidelidad los valores del Evangelio.
41. Lo que se ha dicho en la presente Declaración sobre las bendiciones de parejas del mismo sexo, es suficiente para orientar el discernimiento prudente y paterno de los ministros ordenados a este respecto. Por tanto, además de las indicaciones anteriores, no cabe esperar otras respuestas sobre cómo regular los detalles o los aspectos prácticos relativos a este tipo de bendiciones.
[Ou seja: chega de ficar mandando supostas “dúvidas” capciosas; é preciso entender que é impossível prever em lei toda e qualquer situação, e o sacerdote deve ter o discernimento elementar de, a partir da Fé e da Moral da Igreja, fazer o que for melhor e mais adequado.]
IV. La Iglesia es el sacramento del amor infinito de Dios
42. La Iglesia continúa elevando aquellas oraciones y suplicas que Cristo mismo, con grandes gritos y lágrimas, ofreció en los días de su vida terrena (cfr. Heb 5, 7) y que por esto mismo gozan de una eficacia particular. De este modo, «la comunidad eclesial ejerce su verdadera función de conducir las almas a Cristo no sólo con la caridad, el ejemplo y los actos de penitencia, sino también con la oración».
43. Así, la Iglesia es el sacramento del amor infinito de Dios. Por eso, cuando la relación con Dios está enturbiada por el pecado, siempre se puede pedir una bendición, acudiendo a Él, como hizo Pedro en la tormenta cuando clamó a Jesús: «Señor, sálvame» (Mt 14, 30). En algunas situaciones, desear y recibir una bendición puede ser el bien posible. El Papa Francisco nos recuerda que «un pequeño paso, en medio de grandes límites humanos, puede ser más agradable a Dios que la vida exteriormente correcta de quien transcurre sus días sin enfrentar importantes dificultades». De este modo, «lo que resplandece es la belleza del amor salvífico de Dios manifestado en Jesucristo muerto y resucitado».
44. Toda bendición será la ocasión para un renovado anuncio del kerygma, una invitación a acercarse siempre más al amor de Cristo. El Papa Benedicto XVI enseñaba: «La Iglesia, al igual que María, es mediadora de la bendición de Dios para el mundo: la recibe acogiendo a Jesús y la transmite llevando a Jesús. Él es la misericordia y la paz que el mundo por sí mismo no se puede dar y que necesita tanto o más que el pan».
45. Teniendo en cuenta todo lo afirmado anteriormente, siguiendo la enseñanza autorizada del Santo Padre Francisco, este Dicasterio quiere finalmente recordar que «esta es la raíz de la mansedumbre cristiana, la capacidad de sentirse bendecidos y la capacidad de bendecir […]. Este mundo necesita bendición y nosotros podemos dar la bendición y recibir la bendición. El Padre nos ama. Y a nosotros nos queda tan solo la alegría de bendecirlo y la alegría de darle gracias, y de aprender de Él a no maldecir, sino bendecir». De este modo, cada hermano y hermana podrán sentirse en la Iglesia siempre peregrinos, siempre suplicantes, siempre amados y, a pesar de todo, siempre bendecidos.
Víctor Manuel Card. FERNÁNDEZ
Prefecto
Mons. Armando MATTEO
Secretario para la Sección Doctrinal
Ex Audientia Die 18 diciembre 2023
Francisco